ALCIMAR MONTEIRO





Antonio Alcymar Monteiro dos Santos,  nasceu em Aurora, cidade situada no Vale do Cariri,estado do Ceará,em 13 de fevereiro de 1950, é um cantor e compositor brasileiro de forró e frevo.
É considerado um dos grandes intérpretes da música nordestina, mais especificamente do Forró tradicional, sendo conhecido como o Rei do Forró.
O cantor e compositor Alcymar Monteiro nasceu no distrito de Ingazeiras, em Aurora, no Ceará, e se mudou para Juazeiro do Norte, onde passou sua infância. Filho de Artur Monteiro dos Santos e Maria Fernandes dos Santos. Estudou música no Conservatório Alberto Nepomuceno, em Fortaleza. Porém foi em Recife, onde reside atualmente, que Alcymar Monteiro conseguiu se destacar no cenário musical.
Pesquisador dos ritmos nordestinos, Alcymar faz um trabalho versátil sem perder o foco na autêntica música nordestina. Em mais de três décadas de carreira já teve suas músicas gravadas por grandes nomes da MPB comoZé Ramalho e Alceu Valença. Já fez duetos com Luiz GonzagaDominguinhosElba RamalhoMarinês entre outros.
Assim como os seus contemporâneos Oswaldinho, Flávio José, Assisão, Jorge de Altinho e outros, Alcymar Monteiro é um artista  que agregou novos elementos ao forró. As mudanças ocorreram na instrumentação (acrescentou percussões, metais, novos vocais, etc.), na forma musical (adição de vocalizações, coro com vozes do próprio cantor), nos arranjos (ampla diversificação instrumental em vários discos e shows), no figurino (estabelece a cor branca como base do seu figurino, em contraponto às tonalidades do couro estabelecida por Luiz Gonzaga), na interpretação, nos ritmos, na performance e nas temáticas das letras (busca uma leitura mais abrangente do Nordeste, não se reportando apenas ao Sertão, mas estendendo-se às manifestações culturais de diversos estados nordestinos).
No entanto, Alcymar Monteiro não se restringe à música; ele tem sido também um corajoso ativista político no mercado nordestino. Tudo começou nos anos 1990, quando Alcymar tornara-se o que podemos chamar de porta-voz das vaquejadas que despontavam como uma das mais populares manifestações em todo o Nordeste e em outras regiões do Brasil.
Após ter fornecido músicas para o primeiro disco da banda Mastruz com Leite, Alcymar Monteiro afirma ter percebido que caiu numa cilada. A SomZoom, empresa do cearense Emanuel Gurgel, proprietário da Mastruz com Leite e de várias outras bandas, passou a dominar, monopolizar e até a cartelizar o mercado da música nordestina, inclusive os circuitos de vaquejada, eventos nos quais Alcymar Monteiro figurava como principal atração. A banda Mastruz com Leite e, logo em seguida, a SomZoom surgiram no início da década de 1990, num momento em que o forró estava órfão de Luiz Gonzaga (falecido em 1989).royalties e aqueles que recebiam inadequadamente. Em 2 de abril de 1992, Jornal O Povo (Fortaleza - CE) publicou uma matéria intitulada "Artistas cearenses denunciam pirataria", na qual mais de dez artistas daquela cidade se manifestaram e acusaram Emanuel Gurgel de ter cometido vários atos ilícitos. Mas até então, os reclamos não repercutiam muito.
O forró passava por um difícil momento no mercado brasileiro, mas mantinha uma multiplicidade sonora construída em décadas anteriores. Aproveitando a oportunidade, a SomZoom de Emanuel Gurgel acumulou um aparato industrial que, além das bandas de baile voltadas para o forró, reuniu: estúdio de gravação, cadeia de rádio com produção centralizada de conteúdo e transmissão via satélite, selo (gravadora), fábrica de amplificadores, casas de shows e – segundo muitos artistas lesados – a ilicitude que, infelizmente, já é “endêmica” no meio empresarial brasileiro. Com esse arsenal, Emanuel Gurgel estabeleceu uma enorme reserva de mercado, de modo que os diversos artistas nordestinos se sentiram lesados e espoliados, incluindo os compositores que não recebiam os devidos
A homogeneização musical colocada em curso pela SomZoom e por outras empresas que surgiram no seu encalço prejudicou incisivamente a diversidade musical que o forró vinha configurando.  Foi nessa conjuntura que Alcymar Monteiro lançou a sua primeira carta aberta contra as chamada bandas de forró eletrônico, então lideradas pela Mastruz com Leite, as quais produzem o que Alcymar considera "um forró lambadeado, mal tocado, mal cantado, que não vale um tostão furado" [1]. Indo além da desmensurada exploração do mercado de música e a espoliação dos artistas e músicos em geral, as bandas de forró também foram acusadas de produzirem letras de “baixo calão” e de terem "desfigurado" o forró cultural e musicalmente. Os discos e shows das bandas seguiam fórmulas cada vez mais homogêneas, em detrimento da heterogeneidade sonora de artistas que primam por uma peculiaridade autoral, a exemplo de Alcymar Monteiro.
A reação contundente de Alcymar Monteiro ecoou fortemente na mídia, no mercado e na cadeia significativa da música nordestina, alcançando também as páginas de revistas de circulação nacional. Vários jornalistas, intelectuais, e artistas, como Dominguinhos (reconhecido como principal seguidor de Luiz Gonzaga), passaram a questionar as bandas de forró e a instalar uma discussão no contexto forrozeiro. Mais tarde, surgiriam várias associações em defesa do forró tradicional e de espaços para essa música.
Desse modo, Alcymar Monteiro é um dos pioneiros que envidaram um questionamento às bandas de forró e que fizeram emergir posteriormente a bipolarização ‘forró tradicional (ou forró pé-de-serra) versus forró eletrônico’[2]. Sua voz contra as bandas e em defesa da música tradicional nordestina costuma ser corajosamente impetrada nos palcos de muitos eventos dos quais ele participa. E a sua coragem não se esgota na luta contra as bandas de forró. Em fins de 2015, Alcymar Monteiro publicou uma carta aberta “À comunidade artística de Pernambuco”, dirigindo-se diretamente ao Governador de Pernambuco[3], a quem responsabiliza pelos “descasos” com os artistas pernambucanos. A carta[4] foi motivada pelo fato de que o Governo do Estado tem atrasado em mais de 6 meses o pagamento dos cachês do próprio Alcymar e de muitos dos artistas locais (alguns artistas não recebem há anos). Por outro lado, como Alcymar assevera, os artistas de outros estados (principalmente os da região Sudeste, que são considerados “nacionais”) recebem um tratamento diferenciado por parte do Governo de Pernambuco, ou seja, recebem os seus cachês antecipadamente ou logo após as suas apresentações. Essa última carta aberta repercutiu em jornais pernambucanos, nas rádios e nas redes sociais[5]. Alcymar tornou-se um porta-voz de muitos artistas que são subjugados pelo "descaso" dos governantes pernambucanos mas não se sentem encorajados a denunciar por receio de retaliação. Alcymar Monteiro é um artista cuja performance extrapola a transformação política provocada pela arte e alcança a transformação artística levada a cabo pela agência política.

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • 1980 - Nossas Vidas, Nossa Flores (MPB) - Continental
  • 1985 - Música Popular Nordestina
  • 1986 - Forroteria
  • 1987 - Rosa dos Ventos
  • 1987 - Portas e Janelas
  • 1989 - Pirilampos
  • 1990 - Forró Brasileiro
  • 1991 - O Rei do Forró
  • 1992 - Cantigas e Cantorias
  • 1993 - Forró Nosso de Cada Dia
  • 1994 - Nordestinidade
  • 1995 - Vaquejadas Brasileiras - 1º Circuito
  • 1996 - Cultura Popular
  • 1996 - Vaquejadas Brasileiras - 2º Circuito
  • 1997 - Nordestino
  • 1997 - Vaquejadas Brasileiras - 3º Circuito
  • 1998 - Forró e Vaquejada, vol. 1
  • 1998 - Eterno Moleque
  • 1998 - Ao Vivo, vol. 1
  • 1999 - Festa Brasileira
  • 2000 - Toques e Batuques
  • 2000 - Os Grandes Sucessos da Vaquejada
  • 2000 - Imaginário Popular
  • 2001 - O Maior Forró do Mundo
  • 2002 - Levanta Poeira
  • 2003 - Ao Vivo, vol. 2
  • 2003 - Forró de Todos Nós
  • 2003 - Carnaval Multicultural
  • 2004 - Aboios e Vaqueiros
  • 2005 - Frevação, vol. 1
  • 2005 - Meu Forró é Meu Canto
  • 2006 - Frevação, vol. 2
  • 2006 - O Verdadeiro Forró
  • 2007 - Frevação, vol. 3
  • 2007 - Cultura Brasileira (Ao Vivo) [CD/DVD]
  • 2007 - Forró Brasileño
  • 2007 - Festrilhas, vol. 1
  • 2008 - Frevação, vol. 4
  • 2008 - Como Antigamente, vol. 1
  • 2009 - Cantorias Brasileiras
  • 2010 - Tradição e Tradução (Ao Vivo) [CD/DVD]
  • 2010 - Vaquejadas e Cavalgadas Inesquecíveis
  • 2013 - Vozes do Frevo (Ao Vivo) [CD/DVD]
  • 2014 - A Bandeira do forró

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