HISTORIA DAS VAQUEJADAS


Na época dos coronéis, quando não haviam cercas no sertão nordestino, os animais eram marcados e soltos mata adentro, depois de alguns meses, os coronéis reuniam os peões, também chamados de vaqueiros, para juntar o gado marcado. Montados em seus cavalos, vestidos com seus gibões de couro, os bravos vaqueiros embrenhavam-se na mata cerrada em busca dos bois, alguns animais se reproduziam no mato, os filhotes eram selvagens, e eram esses animais os mais difíceis de serem capturados, mesmo assim, os destemidos vaqueiros perseguiam, laçavam e traziam os bois aos pés do coronel. Nessa luta, alguns vaqueiros se destacavam por sua valentia e habilidade, e foi daí que surgiu a ideia de transformar tudo isso numa disputa premiada.
O Rio Grande do Norte foi o estado que deu o primeiro passo para a prática da vaquejada, tradição e esporte que se fundem, emociona e arrasta multidões para os parques onde acontecem as competições, feiras e muito forró. O historiador Câmara Cascudo dizia que por volta de 1810 ainda não existia a vaquejada, mas já se tinha conhecimento de uma atividade parecida: era a derrubada de vara de ferrão, praticada em Portugal e na Espanha, onde o peão utilizava uma vara para pegar o boi, todavia, derrubar o boi pelo rabo, isto é, a vaquejada propriamente dita, é puramente nordestina.
No Nordeste, desde a colonização, o gado foi sempre criado solto, pois não havia cerca, assim sendo, era imprescindível a coragem e a destreza dos vaqueiros para embrenhar-se na mata serrada e juntar os bois. O vaqueiro veio tangendo o gado, abrindo estrada, desbravando regiões. Sem registros precisos de datas, sabe-se apenas que, em meados de 1940 os vaqueiros de várias partes do nordeste começaram a tornar público suas habilidades na “corrida do mourão”, que começou a ser um esporte popular na região Nordeste. Na Bahia municípios como Serrinha, Poções, Uauá, Serrinha, entre outros já tem tradição da vaquejada.
Torneios
Os coronéis e senhores de engenho passaram a organizar torneios de vaquejadas onde os participantes eram os vaqueiros e os patrões faziam apostas entre si, entretanto, ainda não existiam premiações para os campeões, os coronéis davam apenas um “agrado” aos vaqueiros vencedores. A festa acabou por se tornar uma distração para os patrões e sua família.
Passados alguns anos, pequenos fazendeiros de várias partes do nordeste começaram a promover um novo tipo de vaquejada, onde os vaqueiros tinham que pagar uma quantia em dinheiro para poderem participar do jogo, o montante obtido era utilizado na organização do evento e premiação dos campeões.
As montarias, que eram formadas por cavalos nativos da região, foram sendo substituídas por animais de melhor estirpe, o chão, de terra batida e cascalho, ao qual os peões estavam acostumados, deu lugar a uma superfície de areia, com limites e regulamento bem definidos. Cada dupla tinha direito a correr três bois, o primeiro boi valia oito pontos, o segundo nove e o terceiro dez pontos. Tais pontos eram somados, e no final da vaquejada era feita a contagem, a dupla que somasse mais pontos era a vencedora e recebia um valor em dinheiro. Esse tipo de vaquejada foi e ainda é chamada de “bolão”.
Negócios
Já nos anos 90, a vaquejada começou a ser vista como um grande negócio, os organizadores começaram a cobrar ingresso e o público aceitou bem esta proposta. O vaqueiro passou a ser entendido como um atleta de pista, e a vaquejada se popularizou através de calendários de eventos, grandiosos parques de vaquejadas e patrocinadores de peso, o que acabou por transformar esta tradição cultural em uma inigualável competição de alegria e coragem que arrasta multidões apaixonadas por muita emoção.
A vaquejada hoje é um esporte regulamentado pelo Projeto de Lei do Congresso Nacional nº 249, de 03 de março de 1998, que considera a mesma como sendo uma prática desportiva formal, um espetáculo de crescente importância econômica, turística e cultural muito popular em diversas regiões do País. Como bem traduz em versos o cantor Alcymar Monteiro, “na vida do vaqueiro nordestino a porta do seu destino é a porteira do curral”.
Vocabulário dos vaqueiros
Peitoral – É a faixa de couro para proteger o peito do animal de possíveis acidentes na pista.
Véstigia ou Gibão – Espécie de casaco que o vaqueiro veste sobre a camisa.
Guarda Peito – É uma faixa de couro que tem a finalidade de proteger o tórax do vaqueiro.
Perneiras – O vaqueiro veste para proteger-se até a cintura contra espinhos ou outros riscos em sua ação na pista; Boi Riscado – Quando o boi pára bruscamente.
Mandioqueiro ou Jacu – Vaqueiro iniciante.
Afundar a Mão – O vaqueiro impulsiona mão para baixo no momento em que se prepara para derrubar o boi.
Sair do Boi – Cavalo bom que muda de direção na hora da derrubada.
Queimado – O boi que cai tocando a marca de cal nos 10 metros.
Boi Chiado – Boi de fora para dentro da faixa.
Afrouxar – Abrir a mão na hora da derrubada.
Abrir a Tampa – Soltar o boi.
Rabo da Gata – Vaqueiro chamado e não comparecido, ficando, então, para correr no último rodízio.
Valeu o Boi – O boi foi válido e os pontos são computados para o final.
Arrocha o Nó – Não abrir a mão no momento em que for derrubar o boi.
Fonte: Ascom da UPB. Gutemberg Cruz

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